terça-feira, 5 de junho de 2018

Anda daí. Quero pagar-te um copo.

Eu sei que não gostas de incomodar.
Mas só incomodas se não aceitares.
Quero pagar-te um copo. Será que posso?
Trago comigo uma garrafa de bebida
de uva cevada cenoura ananás escolhe
vamos fazer um brinde a ti a mim
a nós todos que andamos cá dentro
e andamos lá fora ou dentro e fora
a lutar pela vida pela significação
sentida gratificação que a vida nos dá
a simular tilintar emoções espumosas
em copos de plástico. Não faz mal.

Eu sei que não gostas de incomodar.
Também não gosto de te incomodar.
Mas às vezes é preciso incomodarmos
o coração o pensamento as conversas
temos que brindar à humanidade viva
às frases de comoção que não saltam
livres para o nosso colo de amizade,
ainda se escondem a meio da garganta
dentro das pálpebras debaixo da língua
a espreitar em cada olho a brilhar pingar
sem avisar pela pele clara ou escurecida
a vidinha da gente que se quer a brindar.

Anda daí. Faço questão: pago-te um copo.
Eu sei que tens dinheiro eu sei que pagas
Mas deixa-me hoje fazer-te um miminho.
Vês? Guardei esta garrafa para festejarmos.
Escolhe. Vinho espumante? Champanhe.
Vamos nessa, Vanessa. Amorosa, a Carlota.
À amizade à séria como séria é esta vida.

Rosa Maria Duarte



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