- Olá boa tarde. Vinhas a pensar, não vinhas? Olha, eu vinha! E vinha a pensar que cada momento que vivo tem a importância que eu próprio decido dar-lhe com a atenção que lhe dispenso. Este momento, por exemplo. Estou a gostar dele. Não sei se a minha memória o vai lembrar daqui a 5 ou 10 anos. Mas se me for lembrando dele, falando dele...
- Olá amigo. É muito assim. Momentos sem a nossa atenção é como se não se tivessem passado. Só se alguém nos ajudar a recuperá-los, relatando-nos, com os riscos que já falámos sobre a memória humana.
- Se eu estiver focado nos meus passos, por exemplo, enquanto conversamos, vou reparar em detalhes desta calçada trabalhada, o grau da sua limpeza, o estado dos meus sapatos...mas também a sensação que tenho a sentir-me dono dos meus passos, a usufruir da tua companhia, do espaço envolvente...alguma associação pontual com uma outra vivência aqui ou ali...
- O que quer dizer que é importante estarmos focados nos movimentos do nosso corpo e naquilo que se passa à nossa volta. Sabemos que as pessoas, sobretudo nas cidades, se sentem muitas vezes arrebatadas pelas preocupações e pelo cansaço físico e psicológico e a sua atenção para a estrada, os gestos, os sons tendem a diminuir.
- Essa é uma atenção vital para a sobrevivência física e mental que se vai educando, não é? Claro que sem que isso implique (muita) tensão ou esforço.
- Sim, o mais natural possível. Porque a mente humana não se limita a observar, embora tal atitude deva ser a primeira. Com serenidade. A observação é a tal capacidade importantíssima para o contacto com os nossos pensamentos, os nossos sentimentos e emoções, as sensações mais subtis..., ou seja, o processamento do dia-a-dia em geral.
- Logo, se vou dando atenção também ao que acontece comigo, estou a conhecer os pequenos momentos de construção ou transformação da pessoa que sou.
- Que é enriquecida no contacto com os outros e o meio. Nas boas e menos boas experiências.
- Contigo é sempre uma boa experiência (sorriem).
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