sábado, 13 de fevereiro de 2016

"Não me chamem nomes, por favor."

O POBRE DO DIRETOR DE TURMA

Desculpem-me o título, mas este é um assunto há anos em cima da mesa: quem foi ou é diretor de turma, penso que sabe muito bem do que estou a falar.
Até porque seria curioso apurar a percentagem dos professores que, no largo universo dos docentes, atualmente se oferecem para esta função de diretor de turma (a própria designação do cargo soa quase a ironia, pobre subalterno…). Claro que não falo dos colegas contratados, que são D.T. por fatalidade do destino.
É pena que assim seja. Um cargo mal-amado. Porque o D.T. é um agente educativo essencial para o sucesso de cada turma e da escola em geral. Mas para isso é preciso que seja devidamente compreendido e apoiado.
Eu gosto da relação D.T./turma e também D.T./família, D.T./escola. Mas o papel do D.T. não é de mérito (ou desmérito) individual. O bom D.T. não o é em nome individual. Tem gente à sua volta que deve conhecer as suas limitações humanas e o apoia, sem pressões. Quem se propõe educar, deve saber estabelecer diálogo produtivo, sem insultos ou acusações.
O funcionamento da sua equipa assenta em razões estritamente profissionais, porque o sucesso e o bem-estar dos alunos nessa «família escolar» é o grande objetivo. Importante é também ter a consciência de que o D.T. não é o todo-poderoso com soluções para todas as dificuldades, dentro e fora da sua sala de aula e das outras, mas um simples colega atarefado que procura estabelecer assiduamente a ponte entre a escola e a família.
O D.T. é um pobre coitado que apanha de todos os lados. E as míseras duas horas semanais têm que chegar para fazer milagres: atender pessoal ou telefonicamente os encarregados de educação (para os ouvir e dar-lhes conta do comportamento e aproveitamento dos educandos, das faltas de presença, de atraso, de material e disciplinares, para os mesmos assinarem os PAPI, as participações de ocorrências, entre outros); fazer o levantamento semanal das faltas, ponderar da sua justificação, contá-las em função dos limites permitidos. E ainda fazer uma listagem das ocorrências disciplinares a cada disciplina para instruir processos disciplinares…marcar reuniões…moderar conflitos…
O respeito e a autoridade é um direito e um dever do Conselho de Turma, que é representado pelo Diretor de Turma. Se este for soterrado em participações de ocorrência disciplinar, é sabido que será menor a sua capacidade de resposta. Os próprios castigos adiados perdem a sua função pedagógica.
Todos somos profissionais e amigos do sucesso da escola.
E fazemos parte da missão difícil de mediação deste sujeitinho armado em paternal, muito carente de compreensão, com quem todos desabafam as suas impaciências e reiteradas indignações.
Até mete dó!

                                                     Rosa Maria Duarte
                                              13 de fevereiro de 2016

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