- Pois dizem. Somos alta tecnologia (sorriso).
- Sim, é verdade. Mas já reparaste que nós podemos ver muita coisa, mas só fora de nós. Queremos ver a nossa cara, precisamos de um espelho. Se queremos ver o nosso coração, ainda é mais complicado.
- Sim, não estamos acessíveis à nossa própria vista. Mas a observação mais difícil de fazer é às nossas qualidades e aos nossos defeitos.
- Pois é. Tens toda a razão. Às vezes temos uma opinião sobre nós próprios diferente da dos outros.
- E como conhecer a versão mais verdadeira? Vamos pedir a opinião aos mais próximos? E se quiserem, por qualquer razão menos nobre, ferir a nossa autoestima?
- Já vi que é muito arriscado pedir opinião aos outros sobre nós próprios.
- Lá está. Mesmo àquelas pessoas que amamos. Não somos perfeitos. Mas mesmo sem pedirmos opiniões, as pessoas fazem questão de no-las darem ou de nos fazerem sentir menos bonitos. Ou pelo contrário, exageram nos elogios. A mente humana é ardilosa.
- Uns mais que outros, não é? Eu, por exemplo, deve ser por ainda ser jovem, não tenho prática nenhuma dessas malandrices.
- E a questão que se coloca é: se é importante conhecermo-nos a nós próprios, e se naturalmente somos condescendentes connosco mesmos, ou bem pelo contrário, como escolher uma fonte fidedigna para nos instruirmos a esse respeito?
- Já sei que vais falar dos bons livros sobre essas e outras matérias mais e menos científicas.
- (Sorri) Um bom livro é um bom amigo. Mas um bom mestre espiritual também.
- Um mestre espiritual? Não é fácil encontrar um. E reconhecê-lo.
- Pois não, mas é possível. E não olhes assim para mim, porque eu não sou um deles. (Troca de palmadinha nas costas, de cumplicidade).
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