quinta-feira, 14 de maio de 2020

(Des)confinamento(s) da vida




E o lixo? Já não há como não sair à rua. E depois há umas florinhas para ver de perto, ali bem perto, também. Mas com máscara, quase nem dá para cheirar. É no exterior? Então...põe o nariz ao serviço do aroma primaveril. Tu é que vês...Bom...vamos lá. Se quiseres fotografar com o olhar, pintar com cada mão a chuva, a trovoada, o empedrado, o arco-íris...um arco-íris? admiras-te? voltámos às trovoadas de maio. Não trovejou o ano passado? Nem sei, mas sei que este ano as estações do ano parecem um pouco mais alinhadas com o calendário...Achas que é pela redução da poluição? Oh! pudera! E depois há as filas à porta para as compras. É preciso compras? Podemos caminhar antes. Tenho comido sem juízo. Então vamos correr. Eu quero contar as cores de cada arco-íris que encontrarmos... O céu é só um, pá. Eu tenho um céu na minha rua.  É igual ao teu? Somos todos um. Hã? Não há fronteiras ou muros nem vedações na existência. E as portas? Só dentros e foras. E agora? Agora estamos fora. De casa? Da nossa cabeça. Estamos a meditar. Meditar? Olhar cada momento, cada gesto, cada luz, cada sombra, cada flor, cada palavra de espanto, seja a minha, seja a tua. Ah! Gosto de meditar contigo. E se meditássemos em silêncio? Claro que sim. (silêncio) Já entraste sem mim? É pá, eu entrei agora por causa das dificuldades do futuro que aí vêm. Não te preocupes. O arco-íris quer dizer que vai ficar tudo bem.

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