quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

quando cantar é cheirar


SOA BEM, SOA A CASTIÇO
 

Ai Chelas, cantas a Lua

E a fama sua

Na noite sorrateira

Das vielas

E o primeiro fadista

De calça escura

Faz coro com os recantos

De Marvila

Se chove encobres

De jornais o transeunte

Arrepios com cheiro

A bagacinho

Tascas e guitarradas

Mais escondidas

Cheiram a fado chorado

E a vinho.
 

A Severa  numa

Chelas faduncha

Soa bem, soa a Roseta

Um Maurício

Numa Casa de Fados

Soa bem, soa a castiço

Uma voz que se ergue

No palco

A menina que teima

Em cantar

Cantam bem porque

São daqui de Chelas

Madre Deus, do vale de Chelas

Da Mitra e de além-mar.
 
 

Chelas cheira aos cafés

De Xabregas

E o mosto cheira sempre

A rouco e a Dão

Cheira a xaile de enguiço

Se há tristeza

Cheira a decote maduro

Quando é paixão

Nos lábios há a leveza

De um sorriso

Chouricinho, bagos

e cantiguinhas

e as ouvintes perdem o juízo

quando lhes chega o timbre

a marialvas.

 

A Severa numa

Chelas faduncha

Soa bem, soa a Roseta

um Maurício numa

Casa de Fados

Soa bem, soa a castiço

Uma voz que se ergue

No palco

A menina que teima

Em cantar

Cantam bem porque

São daqui de Chelas

Madre Deus, vale de Chelas

Da Mitra e além-mar.

 

Adaptação feita por Rosa Duarte

Chelas, 26 de dezembro de 2012
 

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