O Aquecimento Global
Posso não ser a pessoa mais indicada para opinar sobre a
problemática do aquecimento global. Mas para bem do coletivo, todos nos devemos
autoeleger como autoridades para pensar sobre ele, porque é um problema suficientemente
grave e suficientemente abrangente para termos que, cada um à sua maneira,
fazer ou continuar a fazer algo para o combater.
O que eu quero dizer é que não é preciso sermos muito
entendidos em Ciências do Ambiente, ou em algo do género, para nos preocuparmos
com o meio onde vivemos e agirmos em prol da sua proteção. Porque aqueles que “sacrificam”
uns quantos anos da sua vida a estudar a nossa casa planetária e os seus inúmeros
fatores ambientais que a comprometem, não precisam de ter acréscimos de sensibilização,
naturalmente. Já basta ser lamentável e inconcebível que a maior parte dos
biólogos e engenheiros do ambiente não sejam chamados a rentabilizar devidamente
os seus conhecimentos e bons projetos pró-ambiente, por se encontrarem manietados
pelas razões políticas e economicistas que lideram outras prioridades...
Mas eis que senão…é organizada mais uma Cimeira Climática com
a presença de cerca de quase 200 líderes, a COP21, que não foi adiada nem por
motivos do atentado terrorista na cidade ainda em luto, para discutir o
aquecimento global que une as nações; neste caso no sentido de os países pobres
conseguirem combater as alterações climáticas e arrancar uma
série de diretivas que permitam prometer que a temperatura média global do
planeta não aumente acima de dois graus centígrados face à era pré-industrial.
É uma atitude concertada que resultou num histórico acordo.
Para já, há motivos para festejar. Não foi, à priori, mais um fracasso, como o
de Copenhaga em 2009. Claro que falar sobre isso já é uma demonstração de preocupação
e (mais) um passo no longo caminho a trilhar. Convenhamos que dando palavra àqueles
que podem falar e que têm obrigações perante a comunidade que representam. O
apelo ao voto nesta ou em qualquer matéria continua a ser especialmente para aqueles
que fazem o favor de não incomodar muito com as suas ideias. Em alguns discursos
só falta aparecer em nota de rodapé: É
favor de não me ler nas entrelinhas.
Mesmo nesta Cimeira do Clima, considerada com sucesso, as
próprias ONG, como a
Greenpeace e a associação Avaaz, queixaram-se de um uso abusivo do estado de
emergência em França para abrandar os que queriam evidenciar o seu
descontentamento durante a mesma, que se realizou até ao dia 11 de dezembro. Depois do acordo, que Obama sublinhou não
ser perfeito, há quem o considere demasiado vago…
Inúmeros sapatos
na praça da República em Paris foram, sem dúvida, um bom e original sinal de sensibilização
crescente. Mas sabemos que muitas solas ainda serão necessárias romper para que
o equilíbrio do ecossistema se sobrepunha ao lucro da avidez humana.
Segundo rezam uns
quantos episódios da história passada e recente da humanidade, não
necessariamente os episódios mais conhecidos, até alguns seres e instituições mais
reivindicativos acabam manipulados, por acomodação ou ambição, pelos interesses
prolixos de certos indivíduos e poderes.
A nossa cultura
ocidental (ainda) pede para que cada um esteja no seu cantinho, a fazer boa
vizinhança, sem precisar de se mudar constantemente, já não nómadas, mas pró-progresso,
amantes da vida. Mas o enviesamento desse progresso tem gerado engrenagens
mercantis de agressores e agredidos, produtores e compradores de armamento, que
tem expulsado à força populações civis inteiras das suas regiões para poderem sobreviver
aos conflitos que, eles próprios, mal percebem as razões e quem são os seus verdadeiros
instigadores…
Nesta aldeia
global, esperemos que o clima natural e humano não aqueça mais do que já foi
até agora permitido, mesmo à margem das leis ambientais e civilizacionais. Dizem
os entendidos que o aquecimento climático é o mais letal da humanidade.
Acreditamos que
haja quem esteja honestamente disponível e a trabalhar para o bem planetário.
Conhecemos, felizmente, alguns…haverá muitos mais...
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