sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

crónica de opinião «O Aquecimento Global»

O Aquecimento Global

Posso não ser a pessoa mais indicada para opinar sobre a problemática do aquecimento global. Mas para bem do coletivo, todos nos devemos autoeleger como autoridades para pensar sobre ele, porque é um problema suficientemente grave e suficientemente abrangente para termos que, cada um à sua maneira, fazer ou continuar a fazer algo para o combater.
O que eu quero dizer é que não é preciso sermos muito entendidos em Ciências do Ambiente, ou em algo do género, para nos preocuparmos com o meio onde vivemos e agirmos em prol da sua proteção. Porque aqueles que “sacrificam” uns quantos anos da sua vida a estudar a nossa casa planetária e os seus inúmeros fatores ambientais que a comprometem, não precisam de ter acréscimos de sensibilização, naturalmente. Já basta ser lamentável e inconcebível que a maior parte dos biólogos e engenheiros do ambiente não sejam chamados a rentabilizar devidamente os seus conhecimentos e bons projetos pró-ambiente, por se encontrarem manietados pelas razões políticas e economicistas que lideram outras prioridades...
Mas eis que senão…é organizada mais uma Cimeira Climática com a presença de cerca de quase 200 líderes, a COP21, que não foi adiada nem por motivos do atentado terrorista na cidade ainda em luto, para discutir o aquecimento global que une as nações; neste caso no sentido de os países pobres conseguirem combater as alterações climáticas e arrancar uma série de diretivas que permitam prometer que a temperatura média global do planeta não aumente acima de dois graus centígrados face à era pré-industrial.
É uma atitude concertada que resultou num histórico acordo. Para já, há motivos para festejar. Não foi, à priori, mais um fracasso, como o de Copenhaga em 2009. Claro que falar sobre isso já é uma demonstração de preocupação e (mais) um passo no longo caminho a trilhar. Convenhamos que dando palavra àqueles que podem falar e que têm obrigações perante a comunidade que representam. O apelo ao voto nesta ou em qualquer matéria continua a ser especialmente para aqueles que fazem o favor de não incomodar muito com as suas ideias. Em alguns discursos só falta aparecer em nota de rodapé: É favor de não me ler nas entrelinhas.
Mesmo nesta Cimeira do Clima, considerada com sucesso, as próprias ONG, como a Greenpeace e a associação Avaaz, queixaram-se de um uso abusivo do estado de emergência em França para abrandar os que queriam evidenciar o seu descontentamento durante a mesma, que se realizou até ao dia 11 de dezembro. Depois do acordo, que Obama sublinhou não ser perfeito, há quem o considere demasiado vago…
Inúmeros sapatos na praça da República em Paris foram, sem dúvida, um bom e original sinal de sensibilização crescente. Mas sabemos que muitas solas ainda serão necessárias romper para que o equilíbrio do ecossistema se sobrepunha ao lucro da avidez humana.
Segundo rezam uns quantos episódios da história passada e recente da humanidade, não necessariamente os episódios mais conhecidos, até alguns seres e instituições mais reivindicativos acabam manipulados, por acomodação ou ambição, pelos interesses prolixos de certos indivíduos e poderes.
A nossa cultura ocidental (ainda) pede para que cada um esteja no seu cantinho, a fazer boa vizinhança, sem precisar de se mudar constantemente, já não nómadas, mas pró-progresso, amantes da vida. Mas o enviesamento desse progresso tem gerado engrenagens mercantis de agressores e agredidos, produtores e compradores de armamento, que tem expulsado à força populações civis inteiras das suas regiões para poderem sobreviver aos conflitos que, eles próprios, mal percebem as razões e quem são os seus verdadeiros instigadores…
Nesta aldeia global, esperemos que o clima natural e humano não aqueça mais do que já foi até agora permitido, mesmo à margem das leis ambientais e civilizacionais. Dizem os entendidos que o aquecimento climático é o mais letal da humanidade.
Acreditamos que haja quem esteja honestamente disponível e a trabalhar para o bem planetário. Conhecemos, felizmente, alguns…haverá muitos mais...
 
O Horizonte
Rosa Maria Duarte
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