sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

História de uma guitarra e de um rapaz que aprendeu a tocá-la.

Era uma vez um rapazinho chamado Daniel que vivia na margem sul do Tejo, em Portugal. Tinha por volta dos 16 anos quando os pais resolveram oferecer-lhe uma guitarra clássica a sério. Levaram-no até à loja de instrumentos musicais em Almada, no C.Comercial M.Bica.

Das várias guitarras expostas, a escolha do Daniel foi para uma fabricada à mão em Espanha, Madrid, de Manuel Serrano.

Então aquela guitarra passou a ser uma das suas amigas no dia a dia. Este adolescente, de grande sensibilidade humana e artística, levava a guitarra consigo para as confraternizações que fazia com os colegas e com amigos.

Daniel era também escuteiro. E frequentemente levava a dita guitarra para a sede e para os acampamentos. Gostava e tinha jeito para animar o pessoal no final das reuniões e aos serões. Pois foi num desses acampamentos que o Daniel viu a sua bela guitarra ser, por descuido, pisada pela rapaziada em alvoroço. O tampo traseiro ficou quebrado (podia ter sido pior).

Os pais, conhecedores da sua estima pela guitarra, propuseram-lhe a compra de uma nova igual, a que Daniel recusou. Pensaram ainda em arranjá-la, mas o preço do arranjo quase não o justificava.

Com o tempo, Daniel foi-se habituando à sua guitarra com o tampo traseiro esmagado. O que vale é que o som que tirava dela era praticamente o mesmo. Assim continuou a levá-la para os convívios.

Com o tempo e outras responsabilidades, o Daniel foi tocando cada vez menos na sua guitarra. Com pena dos pais, porque ele já se desembaraçava bastante bem.

Hoje o Daniel está a trabalhar na Holanda e a viver com a sua namorada.

A guitarra, encostada na parede do seu quarto, com a remodelação do espaço, passou para o quarto do seu irmão mais novo, o Artur.

O Artur foi durante uns anos o guitarrista da sua banda: os The Boundary. Só que entretanto os elementos separaram-se por razões geográficas e outras. Houve uma altura que, de quando em quando, a sua mãe ainda o ouvia tocar na guitarra elétrica da referida banda.

Há poucos dias, a mãe (que sou eu) quando chegou a casa, ouviu o Artur a tocar a guitarra de Manuel Serrano, o senhor das «Guitarras de Artesanía hechas à mano en España». Bom material, de facto.

O Daniel não pode tocá-la quando quer. Só quando faz uma visita à sua gente. Hoje em dia, quando toca, é no órgão que a sua Marta lhe ofereceu. Pode ser que um dia ele queira levar a guitarra e, já agora, retomar a atividade do teatro, para a qual tem muito talento.

- Não te preocupes, Daniel, o mano cuida da tua sempre bonita guitarra.
Guitarra clássica
Rosa Maria Duarte
Óleo s/tela
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