O FADO DA
DESGRAÇADINHA
- Ai pobre
senhora de mim, coitadinha
Que não posso largar o fado, que desgraça
Mal ponho o
pé na rua, nesta praça
Trauteio um
corridinho à chilreada.
- Bom dia senhorita comadre Delfina,
Tão cedo e já pois n’afinação,
vó mercê?
Com esse ar
de santa senhora, tão fina
Vai cantar um
novo fadinho, pois você?
- Nã
compadre, vou mas é à missinha
Nã vê que tenho
que pedir perdão à luz divina
Por est’alma
vejo qu’anda perdida
D’amores
pela saudosa cantoria.
- Pobre
coitada, sua senhoria, pois nã vê
Que
noss’Senhor é tão bom e quer
C’a madame
se queira assim embeicê
P’la bela oração
do mar me quer.
- Acha mesmo,
compadre Zé Xanto?
É que nesta fraca
fraqueza do canto
A goela que ora
e canta a todo o pranto
Nã seca o
coração na fé, ai fado santo.
- Ora vê?!
Pois dê mais pano ao sentimento
C’a careta
nas costas é de quem mente.
O padre benze
e bate o pé no seguimento
E absolve em
graça e sê omi que fica crente.
30 de out
2016
Rosa Maria
Duarte
O fado iluminado Rosa Maria Duarte Óleo s/tela 50x70 |
Sem comentários:
Enviar um comentário