quinta-feira, 6 de outubro de 2016

O meu avô materno de nome João da Silva

João da Silva
Pai da minha mãe
Década de 40 (?)


Da esquerda para a direita: a minha tia Maria, a minha mãe, a minha tia Isabel e a minha tia freira
Estavam aqui de luto


O meu avô materno

João da Silva foi um cidadão exemplar. Resineiro de profissão, nasceu na Vide, concelho de Seia (nas vendas do outro lado da ponte velha) e casou com uma rapariga muito vigorosa, a minha avó Ana de Jesus que também era da terra, da Ervideira.

Ele próprio construiu a casa na Quinta da Melroa, na Vide, para onde foi morar quando se casou com a minha avó Ana de Jesus, que ainda hoje é a mesma (onde passamos férias).

Tiveram 4 raparigas e, entretanto, desistiram do rapaz. A minha mãe, que era a 3ª na linha de sucessão, veio com a família para Lisboa, para zona de Alcântara, quando tinha oito anos. Ainda chegou a ser aluna da mãe do Almeida Santos, que era professora lá na escola primária da Vide.

A minha avó veio servir para Lisboa e conheceu a minha futura sogra (sem o saber) nessa casa.

O meu avó era um homem calmo e muito acarinhado pelas filhas. A minha avó também era muito amada pelas filhas e pela família, mas já era de um temperamento mais estóico e disciplinador. Havia quem dissesse que era um tudo-nada ciumenta pelo jeito sedutor do meu avô.

O meu avó era habitualmente bem disposto, sorridente, gostava de dizer graças, mesmo quando a minha avó já estava a zangar-se com as brincadeiras; era bom conselheiro, amigo da casa e da família.

Era um bom português, a favor da justiça e do trabalho, e só se foi abaixo quando a minha avó morreu. As filhas nessa altura cuidaram ainda com mais afinco dele. Todas elas. E ele repetia: «Tenho saudades de quando vocês eram pequenas.»

O meu avó chegou a estar à beira da morte uma ou outra vez, com infecções, ainda em vida da minha avó. Mas era um homem muito resistente. Um republicano de grande fibra. Fazia anos a 5 de outubro. Como era feriado, tinha que pagar sempre uma rodada aos vizinhos e amigos mais próximos. Normalmente tinha visitas nesse dia.

Quando ele já tinha oitenta anos, eu já era adulta, verifiquei que ele tinha um pouco de febre. Eu disse à minha mãe: «É perigoso na idade dele. Mesmo sendo pouca.» Foi medicado. O meu filho mais velho, o Daniel, ainda chegou a conhecer os bisavós. Subíamos os degraus do Beco do Sabugueiro até ao nº 12. A minha avó numa cadeira. Cumprimentava-nos com a mão esquerda. O meu avó no pedaço de terreno em frente da casa a cuidar dos chuchus.

Morreu poucos meses depois da minha avó.





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