Não tenho nada a dizer
Não tenho nada a dizer
quando a luz dos teus olhos esmorece,
as pedras da calçada quase velha
em todo o dia não aquece,
o som que rebenta de assalto
na voz, não é canto que acontece,
essa ave deslumbrante em voo
não quer voltar porque te esquece,
os filhos esquecidos de todos
desesperam pelo comer que arrefece,
as dores de certas barrigas inchadas
que nem o tempo as amolece,
o lábio sábio junto ao queixo
sempre descai, fraco e desconhece
o teu lindo rosto, meu amigo,
que estremece, engole o grito e entristece.
23 de out de 2016
Rosa Maria Duarte
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