(...) Então Adamastor, de olhos encovados e dentes amarelos, disse-nos: - «Ó gente ousada, que quereis navegar meus longos mares e ver neles os segredos escondidos, tereis pelo vosso sobejo atrevimento um duro e eterno castigo.»
Logo que contou estes fados, as nossas valiosas guitarras afundaram-se o mais que puderam naquele azul imenso.
Ainda que assustados, alçados respondemos: «O teu fado, estupendo e maravilhoso Gigante, é o amor pela beleza que está cercando estas águas.»
Súbito, espantado com a nossa sentimentalidade, Adamastor fez soar uma trinada melodia de muito fundo das águas tocada nas nossas guitarras naufragadas, que gemeram elevadas um choro de profunda amizade e de aceitação do convite para ficarmos e ajudarmos o pobre apaixonado a contar e a cantar casos humanos futuros.
Adamastor e as guitarras Rosa Maria Duarte Óleo s/tela 55x46 |
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