- Olá. Podemos falar sobre o assunto que deixámos pendente?
- Sobre a fé? Se quiseres... Não é um assunto de fácil raciocínio. Mas podemos explorar um pouco os dois esta matéria. Com todos os riscos que se correm quando falamos em fé.
- Sem te sentires obrigado a aprofundar a questão. São matérias sempre em aberto.
- É isso mesmo. Então: a fé é o contrário da dúvida. Ou se tem fé, ou se duvida. Não é?! É uma confiança incondicional sem provas. Quando eu digo: eu acredito, não é a mesma coisa que dizer: eu tenho fé. Porque nós sabemos que acreditar não é sentir o mesmo grau de confiança que o sentimento de fé encerra. A fé não equaciona o erro.
- Pois, a fé é muito forte e espiritual. É a verdade incondicional mais no coração que na mente...
- Claro que a palavra fé pode ter sentidos mais coloquiais, mas aí desvia-se do seu sentido original. A palavra fé vive tanto no contexto social como, e sobretudo, no contexto religioso.
- Então: sempre há diferentes tipos de fé?
- Há alguns autores que entendem de forma distinta os diferentes tipos de fé. Se estás interessado em conhecer a rigor, deves fazer uma pesquisa sobre isso. Há, de facto, diferentes tipos de fé. Se a fé é a própria base do nosso ser, aquela que depende de algo no nosso exterior é outro tipo de fé. No meu entender, menos consistente. É que nós não somos só o corpo, não somos só a mente, não somos só estes dois juntos: somos algo mais: somos o Ser que usa e sustenta o corpo e a mente.
- Deixas-me quase sem palavras...
- Ainda somos um livro com muitas páginas por ler...
- O que é fascinante! E Deus?
- Deus é a noção do Absoluto que está para além da nossa compreensão de humanos. Só desenvolvendo a Consciência interna e espiritual que cada um pode desenvolver, conseguimos estruturar essa fé, num contexto religioso, e que se encontra na raiz do nosso próprio ser.
- Então Deus existe?
- Claro que o Absoluto existe. Nós somos minúsculas existências do imenso Universo. Mas o homem só poderá compreender-se, se olhar o seu interior que nasce de Deus ou Energia Criadora. Não através de uma qualquer fé. Ele só pode compreender-se olhando para a sua própria natureza. E, curiosamente ou não, a sua própria substância é compreendida olhando aquilo que não é a natureza do seu Eu. Porque eu sou o espectador de mim; logo sou a perceção que tenho de quem eu realmente sou.
- Acho que já chega por hoje. Vamos apanhar ar...
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