Não, obrigado.
Sou contra o uso de armas.
Sabemos que a violência não é método de construção.
Então porque é que o porte de arma não é exclusivo das forças de segurança?
Sim, é uma discussão acesa, mas necessária e urgente. Não globalizada.
Sabemos que há armas que também são poderosas. Que usamos a todo o momento para fazer valer um ponto de vista. A palavra. E que pode atingir seriamente o coração.
A palavra de honra. A palavra de amor. A poesia. O ensinamento. O sim. O não.
Quanto tempo demora um povo a fazer nascer o seu idioma (que naturalmente inicia com a fala)?
Uma vida. Muitas vidas. Uma eternidade. Um processo comunicativo dinâmico. Em ritmo proativo de construção. De contaminação. De regionalização. De globalização.
Um património de valor incalculável. «A minha pátria é a língua portuguesa» disse-nos Fernando Pessoa.
A palavra une. Constrói. Alimenta. Regula. Pinta. Ri.
Mas o poder da palavra também pode gerar violência. Gaseificar mentes menos protegidas.
Como a difamação. Que pode ser letal.
Calúnia, difamação, injúria. Puníveis por lei. Que adoecem a alma. A passear à solta como matilhas enraivecidas.
Os homens constrõem impérios com palavras. E destrõem os mesmos com palavras.
Matam-se. Comprometem carreiras. Famílias. Sonhos. Nações. Os próprios idiomas.
Com palavras se sonha crescer e conhecer. Explorar. Animar. Recriar. Ajudar. Informar.
Há gestos nas palavras. Silêncios. Olhares perscrutadores. Sentidos.
Mas as palavras que envelhecem, ainda têm esperança de vida. A palavra de honra. A palavra de amigo. A palavra de amor. A palavra de senhorio. A palavra de tribuna. A palavra de tio.
Valham-nos os poetas! Que escrevem palavras que nos beijam, como se tivessem boca (O’Neill)
Valham-nos as crianças! Que só conhecem a verdade verdadinha.
Valham-nos os dicionários! Que não deixam morrer as palavras.
Valham-nos os amigos! Os que não difamam e amam a sua língua materna.
Se eu quero deitar palavras ao vento? Deitá-las, só no colo.
Não, obrigado.
Rosa Maria Duarte
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