quinta-feira, 13 de setembro de 2018

Por acaso viste passar os teus grãos de areia?

Vou fazer-te uma construção de areia.
O que queres que te ofereça? Hoje, claro.
Hoje, agora, durante o tempo possível
que o mar permitir, que o vento deixar
que os meninos que passam gostarem.

Vou fazer-te uma construção de areia.
Já alguma vez te ofereceram uma praia?
Eu vou oferecer-te um pedaço de praia
com muitos grãos de areia juntos e mar
muitas gotas de água do mar a uni-los
a dar-lhes a cor de areia molhada viva
e perfumada de conchas e algas e vida.

Vou fazer-te uma construção de areia.
Tem que ser agora porque há vento aí
e daqui a nada vem para aqui soprar.
Vou construir um belo castelo de areia
para nos escondermos do vento e sinto
que vamos ficar bem e conversar melhor.

Já fiz a tua construção de areia: castelo
amarelo de areia fina da costa mar e sol.
Gostas? Só para ti e para os teus amigos.
És forte como um castelo e nem precisas
de castelos de areia para te esconderes
do vento e do tempo e dos sentimentos.

Lá vem a brisa de sorriso aberto e feliz.
Lá vem agora o vento de venta no mar.

Que chatice! A tua prenda foi-se. Pois.
Por acaso viste passar os grãos de areia
os teus grãos de areia pelo ar até ao nariz?

Rosa Maria Duarte





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