Quantas vezes visitas as casas que, sabes, moram dentro de ti.
Não tantas quantas deverias? Também pouco as dos outros?
Paciência. Visitas-te. Cada vez conta. Conta-me. Estás bem?
Certo. Podes, como qualquer um, fazer melhor. Não te fiques.
O que fazes? Olhas-te. Vejo que olhas as tuas mãos. Tens uma pele...
É do frio. Talvez. Hidrata-te, por favor. Besunta-te de vida.
Começas a sentir-te dona da tua pele. As mãos são idiomas.
Sabem falar. As unhas, não precisas pintar. Talvez se beberes
mais cor. Mais cor de rosa. Estão curtinhas, pois. Têm perfume.
Estás sentada, já sei. Conta. Um olhar breve. És breviário.
Umas pernas bonitas? As calças é que são à polícia. Não precisas de saltos
para seres elegante e mulher. Não te compares. Não és única?
Aceita a tua pessoal beleza. És muito comovente. Qual rosto?
Vê-te ao espelho. Não gostas de reflexo? Vê-te na luz da tua pele.
Estás brilhante. Apanhaste sol? Não demais, por favor. Esse olhar
tão curioso e tão calmo parece que já viu tanto! Nem por isso?!
Claro que tu é que sabes. Ainda não nasceu quem que já viu tudo.
Nem o Cristo? Pois. Eu sei que não blasfemas, eu sei. Esses lábios
semi-rosados lisos juntos calados olham como olhos que falam.
Olhares repórteres deste canal sem «batuta» a deixarem-se levar
para a agitação de outros rostos que passam por baixo da tua janela.
Escancaras. Queres ver no escuro. Sobressais nos rostos apressados
indagadores nas pedras dessa tua casa. Vou-me? Saudades, amiga.
Já sei que vais a seguir telefonar para ajudar quem sofre em Portugal.
Rosa Maria Duarte
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