FORA DE MODA
Quem não conhece o «Fora de Moda»?
Estriei-me lá, ainda com “leite creme”. Com uma amarelinha ou
outra… Mas firme e com elevado sentimento partilhado. As palmas são um valor
acrescentado. O amor que nos anima e nos arrebita.
Quem canta e não consegue evitá-lo, canta sempre bem. A sua
sede vai à procura do fontanário genuíno lisboeta. Mouraria, Alfama, Alcântara,
Xabregas…
Cantar bem é entrar no coração do povo. É um fado degustado,
embora dolorido, mas consentido pelo reconhecimento da alma. Em Lisboa, Cascais
ou qualquer zona ribeirinha. É a maresia do destino errante.
Não há prémio superior ao seu berço genuíno: a(l)fama de ser
português. Povo pobre, mas honrado. Sonhador, mas poeta. Triste, mas
cantadeiro. Sabe de cor o seu coração. Fecha os olhos, mas lê com a voz.
Não é desgraça ter fado na voz. Mas é desgraça a sua paixão
cega pelo fado. O lisboeta casa de pequenino com o fado e todos os outros
amores são passageiros. O do fado vai até à cova.
O português está fadado a ser fadista.
Navegando nas cordas do firmamento.
Traz sonhos na canastra e sereias no olhar enlouquecido pelo
amor ao fado.
Rebenta em cada onda a solidão de cada acorde e no dedilhado
repenica com os guitarristas enlevados.
É uma oração cantada a três, no tom veludado do nosso fado
português.
Apagam-se as luzes. Esquecem-se as iguarias.
Só silêncio, que se vai cantar o fado.
Alfama, 26 de maio de 2013
Rosa Duarte
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