segunda-feira, 27 de maio de 2013

fado, amor eterno


FORA DE MODA

Quem não conhece o «Fora de Moda»?

Estriei-me lá, ainda com “leite creme”. Com uma amarelinha ou outra… Mas firme e com elevado sentimento partilhado. As palmas são um valor acrescentado. O amor que nos anima e nos arrebita.

Quem canta e não consegue evitá-lo, canta sempre bem. A sua sede vai à procura do fontanário genuíno lisboeta. Mouraria, Alfama, Alcântara, Xabregas…

Cantar bem é entrar no coração do povo. É um fado degustado, embora dolorido, mas consentido pelo reconhecimento da alma. Em Lisboa, Cascais ou qualquer zona ribeirinha. É a maresia do destino errante.

Não há prémio superior ao seu berço genuíno: a(l)fama de ser português. Povo pobre, mas honrado. Sonhador, mas poeta. Triste, mas cantadeiro. Sabe de cor o seu coração. Fecha os olhos, mas lê com a voz.

Não é desgraça ter fado na voz. Mas é desgraça a sua paixão cega pelo fado. O lisboeta casa de pequenino com o fado e todos os outros amores são passageiros. O do fado vai até à cova.

O português está fadado a ser fadista.

Navegando nas cordas do firmamento.

Traz sonhos na canastra e sereias no olhar enlouquecido pelo amor ao fado.

Rebenta em cada onda a solidão de cada acorde e no dedilhado repenica com os guitarristas enlevados.

É uma oração cantada a três, no tom veludado do nosso fado português.

Apagam-se as luzes. Esquecem-se as iguarias.

Só silêncio, que se vai cantar o fado.

 

                                                      Alfama, 26 de maio de 2013

                                                                  Rosa Duarte
 

 

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