sexta-feira, 3 de maio de 2013

A educação no SETÚBAL NA REDE

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A EDUCAÇÃO DOS FILHOS DOS OUTROS

Porque é que tenho de pagar a educação dos filhos dos outros?

Nunca ninguém vos confrontou com este pensamento?

É uma interrogação mais ouvida do que o desejável, que se prende e se depreende facilmente da conjuntura económica atual. Embora se saiba que, na prática, a educação nunca foi verdadeiramente isenta de pagamentos, dos dispendiosos manuais, os consumíveis diversos de cada área de saber ou disciplina, as refeições fora de casa, as visitas de estudo…, todavia parece que agora estão a ser equacionados novos custos adicionais. Parte das atividades extracurriculares. Para já…

Até ao momento tem havido pequenos, cada vez mais pequenos, subsídios para os mais carenciados, de acordo com o rendimento per capita. (E há quem os condene!) Esperemos que os famigerados não sejam arrastados pelos cortes. Alguns poderão ser fraude e oportunismo, é possível. Mas cabe às instituições certificadas acionarem os mecanismos legais para os combater e evitar. Porque bem pior são os paraísos fiscais que, se acabassem, então a crise instalada seria uma inofensiva criança irrequieta. O bem-estar de poucos não pode estar a cargo do sofrimento de muitos!

E se desenvolvermos a corresponsabilidade social e a cooperação nesta sociedade que precisa de continuar a investir e de cumprir regras?

A responsabilização dos pais na educação dos seus filhos é um valor da máxima prioridade. É aqui que reside a génese do sucesso da construção familiar, social, económica e política de uma nação. Esse papel educativo parental deve ser exercido com uma expressão muito efetiva no acompanhamento diário dos educandos, quer na interação com a sua vida escolar e social, quer na resposta às suas necessidades materiais e didáticas. Na certeza de que os filhos dos outros poderão ser os amigos dos nossos. E não há pais perfeitos. Apenas muitos que dão o seu melhor, o que já é perfeito.

Se devemos instituir multas para os pais que descuram as suas responsabilidades educativas? Percebo a intenção da ideia, mas considero que a multa mais pesada para qualquer pai ou mãe é ou deveria ser a sua própria consciência perante as dificuldades ou mesmo incapacidades de ajudar os seus filhos no direito inalienável que é a educação. Se nem todos são bons pais é porque eles próprios precisam de apoio. E não estou só a falar de dinheiro, naturalmente. A relação da escola com os pais é, na maioria dos casos, muito proveitosa. Mas a verdade é que é mais fácil educar uma criança ou um jovem do que um adulto. Não obstante o amor dos pais ser tão incomensurável que conseguem, às vezes, autorreavaliar-se e reformarem os princípios da sua cultura familiar. É bom quando se acredita no processo e nas metas de um sistema educativo, também no português, participando ativamente no trabalho que há a fazer em cada realidade local e escolar.

Porque é que temos de pagar a educação dos filhos dos outros?

Porque aos pagarmos a educação dos filhos uns dos outros com os impostos de todos, refiro-me aos que os pagam bem entendido, estamos a garantir, à partida, que todas as famílias poderão defender uma escolaridade obrigatória para os seus filhos. Mesmo que, como sabemos, alguns pais ainda não tenham percebido o verdadeiro impacto formador da aprendizagem em contexto escolar para o bom crescimento dos seus educandos. E, acima de tudo, qualquer pai não consiga encontrar pretextos no seu íntimo, por mais cético que seja, para não participar da educação dos filhos, embora muitas vezes se debata com a difícil situação de desemprego e/ou de divórcio, e, não importa como, consiga cooperar no trabalho escolar com humildade e resiliência face ao aturado processo de aprendizagem de qualquer indivíduo.

Pois não é a consciência individual de participação num coletivo uma das principais aprendizagens a começar no seio familiar e a estender-se ao ensino nas escolas através de experiências pedagógicas especializadas que se querem formativas e diversificadas?
                                                                                                                  Rosa Duarte
 

 

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