quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Aconteceu ser eu um dia...primavera.

Aconteceu ser eu um dia  uma flor
Ser alguém terno na planície-mãe
de olhar erguido à vida estrela-tela
e no alto do infinito-mestre sentir
quase saudades de mim em aromas
de arco-íris, chuvas e ventania.

Aconteceu ser eu ao lado de vulto
sombra que não conheço, incógnita
bailante céu baixo da montanha sem 
brancos de neve. Apenas urzes firmes 
e erva pisada minha companhia divina
deserto Deus-nevoeiro bem-me-quer.

Aconteceu ser eu a querer ser rosa-flor
frágil pequenina em surdina atenção
macia de alvura compleição e veludo
de mãos a desenhar um avião tão azul
na terra do sempre e amor em poesia.

Não estou só. Afinal, primavera, és eu.


Rosa Maria Duarte
Quadro a óleo em exposição na Casa das Artes em Cacilhas


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