Achas que me incomoda falar ou não falar?
Gostas de me ouvir e eu gosto de te ouvir.
Falo contigo de bom grado. És bom ouvinte.
Mas não contes comigo para o diz que disse.
Cada um assume as suas próprias escolhas,
os seus próprios pensamentos, os seus próprios
atos, embora, saibamos, nada é verdadeiramente
nosso. Quem somos? O que queremos de nós?
Onde ficámos ancorados? Continuamos os mesmos?
Tudo muda. Mudamos, mas em que direção?
Onde fica a nossa vontade? O que nos prende ou
liberta? Somos agentes de alguma mudança ou
tudo é exatamente o mesmo se não existissemos?
Pensamos, logo mudamos. É bom pensar. Valemos.
É bom que façamos por isso. Não petrificamos.
Não deixamos crescer cordelinhos nos ombros e nos braços.
Sermos. Agirmos. Não mentirmos. Não iludirmos.
Não enganarmos. Falarmos para quem nos sabe ouvir.
Calarmos quando é tempo de ouvir e desenvolver.
Não é castigo não falar para quem não sabe ouvir.
Somos um valor acrescido. Merecemos partilhar
quem somos com quem acreditamos que vale a pena.
Com quem não tem pre-programações nos ouvidos,
ou na língua, ou nos gestos, ou nos raciocínios.
Não contes comigo, por isso, para o diz que disse.
Quando falo, se falo, e não me calo quando decido,
digo o que sei, humildemente, digo o que penso
sem ser preciso esconder ou repetir o que os outros
se dispõem a ouvir, mas é a verdade que merece
ser defendida, preservada, proclamada e discutida.
Vamos. Diz o que pensas. Sê aberto e não desmedido.
Estamos contigo. Não te prives de falar e querer ser.
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