quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Sou um cidadão encartado

Sou um cidadão encartado
que leva uma vida direita
ainda que tenha vindo torta
do tempo de tenro menino
quando minha mãe se despediu
porque foi apagar um fogo
e o meu paizinho que Deus tenha
e me deixaram aqui sozinho
com minha avó pobrezinha
que chorava a tempo inteiro.
Já morreu tão velhinha, amiguinha.

Sou hoje um cidadão encartado
que quer levar uma vida direita
com tristezas do rio passado longe
com saudades de quem partiu
e levou consigo saudades daqui.

Sigo sendo um cidadão com cartão
nascido e criado em alta terra sã
nobre montanha de gente tão beirã
homem melancólico saudoso menino
com braço forte e filhos do monte
que lavro o futuro e canto o ausente.

Rosa Maria Duarte



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