- Achas que a condição de artista pressupõe um nível de egoísmo acima da média?
- Porque dizes isso?
- Bem, é o que eu oiço dizer. Que trabalham para o individual e não para o coletivo. E que gostam de se exibir...
- Essa é uma questão interessante. Há pessoas mais centradas em si que outras, naturalmente (embora haja quem afirme que a bondade assumida procure compensar um caráter menos perfeito, mas isso é outro assunto...).
Mas o artista que partilha o que faz com os outros, acho que não é egoísta. Corre o risco de lhe chamarem exibicionista!, isso é verdade.
- Ser artista não é condição fácil. O seu trabalho é em solidão e depois nem sempre é compreendido. Às vezes os outros parecem à espera que ele morra para o aplaudir.
- É verdade. Enfim, vale-se humildemente do prazer do ato da criação.
- Sim, deve ser isso. Deve ser muito interessante, apesar de tudo, ser artista! Ainda que haja quem afirma que criar (escrever, pintar, esculpir...) implique muitas vezes sofrimento. António Lobo Antunes, por exemplo... Não só derivado ao esforço da criação e do natural perfeccionismo, mas às memórias difíceis que muitas vezes inspiram o artista. E eventualmente outras mais...
- Olha, tenho tido experiências inolvidáveis com bons livros, bons poemas, bons filmes, bons quadros, bons fados, boas peças de teatro... Às vezes pensamos nas pessoas que nos são ou foram importantes, como os nossos pais, os nossos professores, os nossos amigos... Mas há aqueles amigos anónimos que, embora não nos conheçam, nos ajudam imenso, como os artistas.
- É verdade, amigo. Obrigado por seres meu amigo.
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