quinta-feira, 5 de outubro de 2017

Ouvias-te, infante...

Ouvias-te na saudade do tempo de te veres infante
belo e brando no som dos barcos que vias passar
e apitar no largo cio rio acima adiante onde vivem
pescam os peixes na terra de Ulisses e em Almada
e beijam a cor marítima da gente que sente o Tejo.

Defronte daquela janela que tinhas de fio d' azul
o horizonte mar e céu de topo com chaminés fumo
e operários de macaco que labutavam e ouviam
tudo em grande urbe bairrista alcantarense intenso
majenta cinzento ritmo tráfego varinas de comércio.

É a saudade daquele tempo de menino sol tão lua
quando brincavas na rua e soltavas os laços do lenço
da barra que jogavas com elástico e saltavas, pum!
nas cabras-cegas que espreitavam os cães sem ladrar
às mães que chamavam os filhos, ávidos, tão teimosos.

Rosa Maria Duarte





Sem comentários:

Enviar um comentário