Vejo embaciar o calor no vidro
e mal distingo as formas no exterior.
Mal sinto os braços, as pernas
de não sei quê de açoite do tempo
Quase nada vejo. Tudo sinto.
O quê? Não sou eu que falo
é o vento que uiva nas frinchas
que não se agarram às janelas
e fazem o dia acordar cinzento
friorento, sonolento e triste.
Há uma pasta de branco e negro
que se misturam no horizonte.
Ténues traços vislumbram o cheiro
do sapal escondido em nevoeiro.
Os sons estão suspensos no frio.
A vida segue encolhida na hora
embaciada pelo olhar emocionado
com a delicadeza do amanhecer.
Sem comentários:
Enviar um comentário