O que vemos? Rosa Maria Duarte Óleo s/tela 50x70 |
Quando peguei num dos paus de carvão para traçar as linhas mestras da figuração que tinha mais ou menos pensado para este quadro, hesitei. Tinha muitas ideias para um quadro só. Já me tem acontecido começar com uma ideia figurativa e acabar num estilo abastrato.
De facto, o autor não consegue pensar integralmente o seu quadro de antemão, com o risco de o racionalizar de tal modo que pode perder a sua dimensão mais intrínseca (simbólica, metafórica, alegórica, espiritual, intuitiva, instintiva, chamem-lhe o que quiserem). Mesmo no caso de quadros encomendados.
(http://setubalnarede.pt/canal/a-obra-de-arte-sabe-mais-do-que-o-artista/)
Este quadro «O que vemos?» foi concebido ontem. A tela e as tintas já cá estavam em casa (pinto na sala; não tenho atelier).
Não sei bem classificá-lo. Talvez tenha alguma dimensão surrealista. O olhar é uma das ideias-chave. Como alcançar a verdadeira realidade, a nossa e a dos outros? A escada até ao olho da esquerda quer ajudar. Como interpretar com verdade o sentimento espelhado no olhar?
A vida é uma maçã apetecível, vermelhinha, para quem lhe dá o devido valor. A do quadro já tem uma dentadinha no canto inferior direito. A vida é maior que qualquer olhar, que qualquer árvore (mesmo muito especial que seja...), é maior que qualquer cordilheira. Está dentro de nós e nós pertencemos a algo bem maior, o universo.
O olho aberto, que nos fita, mais abaixo para a direita, simula um dispositivo espacial ou naval em movimento dentro da própria maçã, que pode ser lida como, também, um grande aquário que é o mar do mundo.
A árvore pode ser um plâncton macro-terrestre que dá fruta, como a banana, ou outra, na qual crescem também eco-guitarras de vários tipos, que são saudáveis para a saúde.
Cada um pinta o céu da cor que quiser.
Rosa Maria Duarte
Rosa Maria Duarte
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