terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

A aragem de frio beijou-me os lábios.

Grandes lençóis de sol inundam-me a alma recolhida no canto mais escondido do meu peito. Um pouco tocada pelo veludo sol de uns raios brilhantes, deixa-se descontrair um pouco mais.

Algo macio difunde-se dentro de mim. É o calor interno a manifestar-se. É a roupa de agasalho a querer libertar-se de mim.

Dispo o casaco e solto o cachecol matizado de castanho.

Mas a aragem ateima e beija-me os lábios, que se contraem. Toco o nariz. Gelado. Não tenho por hábito calçar luvas. Tenho que friccionar uma mão contra a outra. Insisto. Ajuda um pouco.

Logo me apercebo que os espaços soalheiros no céu foram invadidos por soltas nuvens brancas que se passeiam à boleia da aragem espevitada.

A minha sombra dissipou-se com as sombras geladas. Visto apressadamente o casaco e enrolo-me ao cachecol. Enfio as mãos nos bolsos.

O meu olhar ganhou um brilho de luz e frio.

É sempre bonita a natureza. As brumas dão-lhe mistério e graciosidade. Quase difusa e familiar, é perfeita nas suas irregularidades minúsculas e grandiosas.

Há tanto para descobrir nela! E na minha alma...




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