- Olá, como é que isso vai?! Palavras são palavras e temos que ter cuidado, não com elas, mas com o uso que fazemos delas. Mas são tão essenciais para nos entendermos que não podemos evitá-las.
É uma palavra do sânscrito que significa que há sempre uma reação a cada ação humana. O que nos remete inevitavelmente para a lei da física. Se praticarmos uma ação boa, a consequência é boa; se a ação for menos boa, a consequência também o será. Chama-lhe justiça, chama-lhe o que quiseres.
A quem fale em queimar o karma, sim. Bem, essas pessoas, à partida, têm consciência que certas situações pelas quais estão a passar poderão ser fruto da reação de equilíbrio que essa lei aciona na natureza, a que os budistas, hinduístas, jainistas chamam o tal karma.
- Então nós, deste lado do mundo, podemos acreditar no karma?
- Eu acredito nas leis da física em qualquer parte do mundo. E penso que não sou o único. Mas, se me queres ouvir um pouco mais, dir-te-ei que há também o termo dharma. Já ouviste falar?
- Não, amigo. O que é?
- O dharma é mais um termo sânscrito, igualmente polissémico, mas o seu significado é essencialmente de missão ou propósito de vida. Que para mim também faz sentido. Os budistas olham o dharma mais como a recompensa que se tem, naturalmente, pelos atos bons.
- Então isso quer dizer que há vantagem em 'queimar' o karma individual?
- (Há quem fale no karma grupal...).
Para mim, é um tudo-nada estranho falar desse modo. Eu penso que tem vantagem termos consciência dos nossos atos e perceber, dentro do possível, porque é que somos recompensados ou quando temos que repensar algo que não correu bem. Não muito mais que isto. Nada, mas nada mesmo, de pensar que cada um se deve auto-castigar ou conformar seja com o que for!
- E os castigos legislados?
- Ah, aí a regulação das sociedades com normas e leis humanas decididas e aplicadas com ponderação e determinação é vital para a boa convivência.
- Ou seja, as leis do universo são, pois, alheias à vontade humana porque estão na natureza que a acolhe e integra. Assim, uns falam de karma ou dharma, outros de destino ou fado, outros de benção ou pecado...que são, no fundo, aquela margem de liberdade de ação de cada um de nós, individualmente e em grupo, não?
- Sim, claro, no âmbito de cada vivência humana, de compreensão e de evolução ao longo de cada experiência. Com base na orientação que nos é dada, nos exemplos que observamos, nas tentativas-erros que vamos levando a cabo...
- Tens muito karma para queimar? (riso)
- Tenho muito mesmo. E tu? (pisca o olho)
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