- Olá. Hoje queres falar sobre quê?
- Estou a pensar nas pessoas que nos vão deixando...
- Que morrem, não é? Pois, é um momento na vida que pode ser melhor compreendido...
- Ontem morreram o físico Stephen Hawkings, o médico Berry Brazelton que revolucionou a pediatria moderna e outra tanta gente, com certeza...
- Sim. E nós ainda cá estamos para receber a notícia da morte dos outros, anónimos para muitos e conhecidos para tantos.
- Mas as mortes mais difíceis para nós...como lidar com elas?
- Não há livros que cheguem para ensinar essas coisas. Para mim, a melhor maneira de lidar com a morte é viver a vida o melhor que se puder e souber. Sem grandes sobressaltos, com o mínimo de ressentimentos, sem grandes exigências (só o indispensável para aquela qualidade de vida para a qual se trabalha) e algum tempo para refletir sobre tudo isto.
- Tudo isto, o quê?
- O que andamos cá a fazer, realmente. Seremos apenas simples obreiros do dia-a-dia que se vai repetindo indefinidamente, ou podemos dar uns pequenos passinhos em cada existência na compreensão da vida e do universo? Como por exemplo Stephen Hawkings e Bezzy Brazelton?
- Tens razão. 'Perdemos' tanto tempo da nossa vida a juntar dinheiro para comprar uma casa, um carro, um computador, uns aparelhos quaisquer, que quando nos apercebemos daquilo que também é importante, como olhar a vida nos olhos e questioná-la, já nos resta menos tempo para isso.
- Como te disse há pouco, sem ressentimentos. Se 'perdemos' algum tempo, se calhar precisamos disso. O que devemos tentar melhorar em nós é a atenção em relação a tudo o que se passa à nossa volta e, mesmo, dentro de nós. Observarmo-nos também um pouco diariamente. Estou bem? Há serenidade em mim? O que posso fazer melhor?...
- Pois é...a correria diária não se compadece muito com essas atitudes. Talvez por isso é que o ritmo de evolução da humanidade não seja mais rápido.
- Talvez... Sabes que às vezes não tem a ver com o tempo que dedicamos a pensar e a compreender. São os saltos qualitativos nesse processo. Os chamados, pequenos ou não, 'insigts'. Acontecem das formas mais estranhas e incríveis. Ou mais corriqueiras...
- Esses fenómenos intuitivos, ou não, também têm a ver com o fenómeno criativo, não é?
- Sim, claro. A chamada inspiração que pode surgir do nosso interior ou ser despoletada por algo à nossa volta. Mas que tem sempre uma ignição. Estamos todos ligados, direta ou indiretamente, a tudo o que existe.
- Eu sei que fizeste uma investigação sobre o fenómeno criativo. Tenho que ler mais sobre isso.
- Devemos ler. Eu gosto muito de ler. Vamos agora trabalhar? Até logo.
- Até logo, amigo.
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