Uma das minhas tarefas de mãe que eu cumpri com muito empenho foi o acompanhamento das tarefas da escola dos rapazes.
Claro que quando tinham muitos trabalhos de casa e/ou, sobretudo muitos testes marcados, era muito exaustivo. E os domingos à tarde eram sagrados para o descanso e o convívio.
No secundário a exigência escolar obrigava a mais sacrifícios.
Aprendi umas quantas coisas a estudar com os meus rapazes. Estudávamos recostados, ora a conversar sobre aquilo que tinham estudado, ora com perguntas do manual e do caderno da disciplina em causa. Enfim, segundo um dos métodos mais convencionais. Já havia computadores, pouco sofisticados, claro, mas ainda não se vivia a primazia das novas tecnologias para tudo.
Eu gostava que os meus rapazes também lessem livros. E liam...embora aquilo que mais lhes interessava.
Aprendi nesses estudos um pouco mais de Geografia, por exemplo. Como fui cobaia do ensino unificado, vivi tempos de constantes alterações dos currículos e dos cursos. Nessas reformulações, escapou a Geografia no currículo obrigatório do meu curso, na malta da minha geração. Se bem que percebi depois que a melhor Geografia é aquela que vamos observando e analisando ao vivo.
É assim pena quando ouço dizer a alguém que não aprendeu nada com os professores que teve. Que já tenho ouvido.
As condições nunca foram boas para os professores, mas é pena quando se ouve um Cruzeiro Seixas dizer que não aprendeu nada com os seus professores. Que até chumbou a desenho, que tem sido a única coisa que ele tem sabido fazer bem. É triste!
Faz parte dos sucessos e dos fracassos da humanidade. Às vezes trabalhamos para o sucesso e o fracasso ateima a dar-lhe a mão.
Educar é aquela tarefa missionária ingrata. O educador e o professor fundem-se, mas não fazem exatamente o mesmo. Educar e/ou ensinar é responsabilidade de um ser humano que às vezes também se retrai a dado passo. E pode falhar. Porque também sabe que ele próprio tem que seguir os regulamentos e os programas.
Quando chegamos a adultos, sentimos o apelo de ensinar, sobretudo aquilo que não nos foi possível aprender no tempo certo.
Quando ficamos velhinhos, na nossa cultura, já pouca gente quer saber o que um idoso tem para ensinar. Numa vida inteira quantas vezes longeva! Há a degradação física e psicológica a atrapalhar. Mas há sobretudo uma décalage natural de mentalidades. Uma forte tendência para desvalorizar a sabedoria dos velhos. Porque não são força ativa de trabalho. Não fazem crescer a economia.
Se foram adultos convictos da sua missão educativa, é tempo de ensinar-lhes que o seu tempo já passou, que agora é mais aprender a submissão ao despojamento feito pelo tempo. E as demências podem ser pretextos para não investir na sabedoria da 3ª idade.
Dizia José Cardoso Pires que não tinha medo de morrer. Tinha era medo de morrer sem a dignidade a que qualquer ser humano tem direito.
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