Como vocês já devem ter notado nas fotografias, eu comecei por ser uma criança que evitava o contacto visual e não gostava muito de sorrir.
Os meus pais tinham medo de intrusos menos pacíficos no bairro popular que era o bairro de Alcântara. Mas a gente que lá vivia, ainda que muita com problemas económicos e familiares, era quase tudo boa gente. É certo que tínhamos muito perto o Casal Ventoso, mas não era por aí...
Contudo, a educação era (para as raparigas) não entrar em cafés, não falar com estranhos, enfim, como o meu pai dizia: - Ter personalidade. E a minha mãe acrescentava: - Muito riso, pouco siso.
Eu era o protótipo de menina tímida e obediente. Portanto não sorria.
Só que a certa altura, a vizinha começou a fazer o reparo. Muito educada, sim senhor, mas com cara de poucos amigos.
Então nova estratégia conselheira aliviou-me o tom sério. Pouco a pouco, comecei a ser simpática e a esboçar um sorrisinho. Aliás, comecei a observar as minhas pares.
Há aquela alegria espontânea das crianças na qual os pais não têm (muita) influência. E que as torna irresistíveis. Eu não era assim.
Tinha muitos irmãos. Convivia com eles. Não tinha problemas de comunicação. Mas com a adolescência fui-me tornando mais fechada. Até porque eu era apreciada por ser boa ouvinte e melhor conselheira. E não fazia os meus próprios desabafos. Daí a importância da escrita na minha vida desde muito nova.
Agradeço ao olhar sorridente e ao canto que abriram a minha personalidade e me ajudaram a ser mais eu.
Mas isso nem sempre me facilitou a vida...
Saber adequar as nossas atitudes às circunstâncias é uma mestria que se ensina, se aprende e se depreende.
As relações humanas continuam a ser, a par da satisfação individual e grupal, de permanente instabilidade e preocupação, mesmo entre países, devido mais à desconfiança por fraco conhecimento do outro do que à falta de bons sentimentos humanos.
As relações humanas continuam a ser, a par da satisfação individual e grupal, de permanente instabilidade e preocupação, mesmo entre países, devido mais à desconfiança por fraco conhecimento do outro do que à falta de bons sentimentos humanos.
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