Em nossa casa não havia animais de estimação, com muita pena dos mais novos. Vivíamos num andar, no 2º sem elevador, o que não facilitava.
Apesar de termos pedido insistentemente patinhos, coelhinhos, galinhas, tartarugas, cães, gatinhos...a luta foi quase inglória. Quase porque ainda tivemos periquitos (apanhei um na rua), canários (comprados pelo meu pai), grilo (não deixava dormir, tivemos que o libertar), peixes (com um aquário feito pelos meus irmãos mais novos), um peru no natal vivo... Mas à medida que íamos crescendo, começámos a concordar com os nossos pais: os animais são como as pessoas, querem sentir-se livres. Sem quintal, era difícil ter animais de estimação.
Na Beira Alta, houve anos em que se compraram galinhas, mas para a engorda. Pior! Ganhávamos amizade aos bichos. Não tocávamos na refeição e ficávamos indignados.
A minha tia Maria, que vivia também na rua de Alcântara, tinha um gato, mas era muito arisco. Tinha medo que lhe puxássemos a cauda (o que às vezes acontecia).
Uma amiga nossa, a Mafalda, vivia no Alto da Ajuda e tinha um pastor alemão. Gostava muito dele. O pai dela era da GNR. Ele era um bom guarda (os dois, aliás!). Eu nem me aproximava. Mas tinha o pêlo muito fofinho.
Foi através da Mafalda que conheci o meu marido, na altura namorado, que trabalhava no mesmo local de trabalho.
Eu, a Mafalda e outra amiga, a Hermínia, combinávamos ao domingo ir passear. Habitualmente íamos até ao Apolo 70 comer gelados de prato, no espaço onde atualmente é um restaurante.
Depois, as três, íamos para minha casa ver a série «Fame» que nós gostávamos muito.
A Mafalda falava dos seus colegas de trabalho. Havia muitos jovens estagiários. Saíam com frequência. Um dia alinhei com eles e conheci o meu marido.
Três anos mais tarde, fizemos uma festa conjunta de despedida de solteiros e juntámos estes amigos de quem gostávamos muito. Depois...a vida começou, a pouco e pouco, a afastar-nos fisicamente. Mas a verdadeira amizade nunca morre.
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